data-filename="retriever" style="width: 100%;">Foto: Catedral Metropolitana de Santa Maria (Divulgação)
Atualizada em 26 de março de 2020, às 19h19min
"Pois onde se reunirem dois ou três em meu nome, ali eu estou no meio deles". É o que diz o versículo 20 do capítulo 18 do livro de Mateus na Bíblia Sagrada, compreendendo que a oração pode ser feita em qualquer lugar, não necessariamente em igrejas. Contudo, o entendimento é diferente para o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) ao editar o decreto publicado em 20 de março e incluir atividades religiosas de qualquer natureza como atividades essenciais durante o período da pandemia de coronavírus. O novo decreto foi publicado no Diário Oficial da União (DOU) ainda na última quarta-feira.
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Conforme a nova medida, atividades religiosas podem acontecer se obedeceram as determinações do Ministério da Saúde. A pasta recomendou, ainda no começo do mês de março, que espaços públicos ou privados disponibilizem locais para lavar as mãos com frequência, álcool em gel 70% e toalhas de papel descartáveis. A principal recomendação, ainda, é que se evite aglomerações de pessoas, como em shoppings - que já foram fechados - e igrejas.
Em Santa Maria, segundo a prefeitura, segue valendo o decreto municipal, que proíbe a realização de atividades religiosas. A medida concorda com o posicionamento da Arquidiocese de Santa Maria, que suspendeu todas as missas pelo menos até final de março.
O arcebispo Dom Hélio Adelar Rubert fala que a definição segue válida pelo menos até dia 4 de abril. Ele reitera, ainda, que a Arquidiocese segue orientações da Santa Sé - jurisdição da Igreja Católica - e das autoridades municipais, como a prefeitura.
- A nossa manifestação já feita segue em pé. Estamos estudando qual o próximo passo, mas sempre seguindo as orientações de autoridades locais - afirma.
A Liga Espiritualista de Umbanda e Cultos Afrobrasileiros (Leucab) orientou, em 16 de março, que os mais de 350 centros a ela vinculados fossem fechados para visitas. O presidente da Leucab, Gallagher Victor Siqueira, falou que, após a edição do decreto, vai reiterar o posicionamento de manter os locais fechados, em prevenção e respeito ao decreto municipal.
- Temos de seguir sem o contato, senão estaremos contribuindo com o vírus - explica.
O presidente da Ordem dos Ministros Evangélicos de Santa Maria (Omesm), pastor Izidoro Leles dos Santos, fala que a orientação é de manter templos fechados, mesmo que o decreto municipal permita a abertura sem cultos. Entretanto, ele explica que cada templo vinculado à Omesm tem autonomia para decidir.
- O decreto do município permite as templos abertas, mas nós orientamos que fiquem fechadas, porque, se está aberto, vai um, vão dois, vão três... Mas cada templo é independente - fala.
O presidente da União Municipal Espírita (UME), Rogério Soares, comenta que as atividades seguem suspensas na cidade. Entretanto, ele lembra que há atividades, como palestras e estudos, que seguem online.
- Seguimos, inclusive, as orientações da Federação Espírita Brasileira e da Federação Espírita do Rio Grande do Sul, que dizem para seguir as ordens dos órgãos de saúde e os decretos estaduais e municipais. Não desrespeitamos o presidente, mas seguimos as normas do Estado e do município - conta.
Em nota, o Centro de Budismo Tibetano em Santa Maria disse que "mesmo com o decreto do presidente, continuará sem atividades em grupo até que o risco de contaminação pelo coronavirus seja extremamente reduzido".
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Entre a noite da última terça-feira e madrugada de quarta, uma igreja foi local de aglomeração na cidade. A Guarda Municipal recebeu a denúncia e dispersou quem as pessoas que lá estavam. Não foi informada a localização da igreja.
O novo decreto também inclui como serviços essenciais atividades de unidades lotéricas; produção de petróleo; geração, transmissão e distribuição de energia elétrica; entre outras. O decreto completo pode ser acessado aqui.
*Colaborou Leonardo Catto